Doença de Chagas
O que causa?
A Doença de Chagas é causada por um protozoário, chamado Trypanosoma cruzi.
Como é transmitida?
Mamíferos domésticos e silvestres têm sido naturalmente encontrados infectados pelo Trypanosoma cruzi, tais como: gato, cão, porco doméstico, rato de esgoto, rato doméstico, macaco de cheiro, sagüi, tatu, gambá, cuíca, morcego, dentre outros.
A transmissão da Doença de Chagas se dá através das fezes dos triatomíneos, também conhecidos como "barbeiros" ou "chupões". Esses, ao picarem os vertebrados, em geral defecam após eliminando formas infectantes presentes em suas fezes e que penetram pelo orifício da picada pelo ato de coçar. Com a diminuição da quantidade de "barbeiros", reduziu-se significativamente essa forma de transmissão que, na década de 70, se estimava ser responsável por 80% das infecções humanas. Vários estados brasileiros já foram certificados pela OPAS como áreas livres da transmissão de Chagas pelo barbeiro.
A transmissão pela transfusão de sangue e derivados grande importância epidemiológica nas duas últimas décadas em função da migração de indivíduos infectados para os centros urbanos, da ineficiência no controle das transfusões nos bancos de sangue e uso de drogas injetáveis.
A transmissão congênita (de mãe para filho) ocorre, mas muitos dos conceptos têm morte prematura, não se sabendo com precisão qual a influência dessa forma de transmissão na manutenção da endemia.
Existe ainda a transmissão acidental em laboratório e a transmissão pelo leite materno, ambas de pouca significância epidemiológica.
Sugere-se a hipótese de transmissão por via oral em alguns surtos episódicos.
A infecção só passa de pessoa a pessoa através do sangue, ou de modo congênito através da placenta. A maioria dos portadores da infecção chagásica tem o parasito no sangue circulante ou nos tecidos durante toda a vida, sendo que a quantidade de parasitas é maior durante a fase aguda da doença. Isto significa que os indivíduos infectados potencialmente são transmissores da doença, caso doem sangue ou órgãos, em qualquer época de suas vidas.
Como é a doença?
Quando existem sintomas na fase aguda, estes costumam aparecer 5 a 14 dias após a picada do inseto. Quando adquirida por transfusão de sangue, o período de incubação varia de 30 a 40 dias. As formas agudas (indício de transmissão ativa) aparentes se manifestam em 3% dos casos em área endêmica.
As formas indeterminadas são as mais freqüentes, correspondendo a 50% dos casos.
As formas crônicas da doença se manifestam mais de 10 anos após a infecção inicial e suas manifestações mais importantes são as formas cardíacas e digestiva (gravidade clínica). As formas cardíacas estão presentes em 30% dos doentes; e as digestivas em 7 a 8%.
Fase Aguda: quando aparente é caracterizada por uma miocardite (infecção do coração), na maioria das vezes, só vista no eletrocardiograma. As manifestações gerais são de febre (pouco elevada), mal-estar geral, dor de cabeça, fraqueza, falta de apetite, edema, hipertrofia de linfonodos (ínguias). Freqüentemente ocorre hepato-esplenomegalia (aumento do baço e fígado). Às vezes se agrava numa forma meningoencefálica, principalmente nos primeiros meses ou anos de vida. Quando existe porta de entrada aparente, ela pode ser ocular (Sinal de Romaña) ou na pele (Chagoma de Inoculação).
Fase Crônica:
Forma Indeterminada: passada a fase aguda aparente ou inaparente, o indivíduo alberga uma infecção assintomática, que pode nunca se manifestar ou se manifestar anos ou décadas mais tarde, em uma das formas crônicas.
Forma Cardíaca: é a mais importante forma de limitação ao doente chagásico e a principal causa de morte. Pode apresentar-se sem sintomatologia, mas com alterações eletrocardiográficas, como uma síndrome de insuficiência cardíaca progressiva, insuficiência cardíaca fulminante, ou com arritmias graves e morte súbita. Seus sinais e sintomas são: palpitação, falta de ar, edema, dor no peito, tosse, tonturas, desmaios, acidentes embólicos, arritmias, sopro cardíaco. O Rx de tórax pode revelar alterações.
Forma Digestiva: caracteriza-se por alterações ao longo do trato digestivo, ocasionadas por lesões dos nervos, com conseqüentes alterações da motilidade e morfologia ao nível do trato digestivo, sendo o megaesôfago e o megacólon as manifestações mais comuns. São sinais e sintomas do megaesôfago: disfagia (dificuldade para engolir), regurgitação, dor de estômago ou dor no peito, dor para engolir, soluço, excesso de salivação, emagrecimento. O megacólon se caracteriza por: constipação intestinal (instalação lenta e insidiosa) e distensão abdominal. Os exames radiológicos são importantes no diagnóstico da forma digestiva.
Forma Mista: o paciente pode ter associação da forma cardíaca com a digestiva e também apresentar mais de um mega.
Forma Nervosa e de outros megas: apesar de aventadas não parecem ser manifestações importantes destas infecções.
Forma Congênita (do recém-nascido): sobressaem, dentre os sinais clínicos, a hepato-esplenomegalia (aumento do fígado e baço), presente em todos os casos, icterícia, manchas roxas e convulsões decorrentes da hipoglicemia. Não há relato de ocorrência de febre.
É comum?
É uma doença endêmica, isto é, de alta prevalência em algumas regiões do país. A maioria dos indivíduos infectados são oriundos da área rural, pertencem aos extratos sociais menos favorecidos e foram contaminados no interior de habitações infestadas pelos insetos vetores. Na década de 70 estimou-se que o número de casos novos, a cada ano, era em torno de 100.000 e a prevalência de 4,2%, sendo as mais altas as dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Sergipe e Bahia.
É grave?
Mortalidade foi, em 1980, de 5,2/100.000 habitantes e, em 1990, 4,1/100.000 habitantes, o que correspondia a uma média de 6.000 óbitos por esta causa, a cada ano. Por ser uma doença crônica, cuja sintomatologia só se manifesta décadas depois da infecção inicial, não se dispõe de dados sobre a letalidade.